Wakefield, um conto fantástico

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Para quem gosta do gênero, o livro “Contos fantásticos no labirinto de Borges”, publicado pela Editora Casa da Palavra, apresenta dezoito contos que são verdadeiras joias do gênero e que influenciaram Jorge Luis Borges. A seleção dos textos é de Braulio Tavares, que também assina o posfácio. As ilustrações são de Romero Cavalcanti. Entre os autores selecionados para compor a antologia estão Edgard Allan Poe, H. G. Wells, Franz Kafka, Ray Bradbury, Robert L. Stevenson, Ambrose Bierce.

Um dos contos do livro de que mais gosto é “Wakefield”, de Nathaniel Hawthorne (1804 – 1864). Esse conto é uma ótima entrada para o mundo de Melville e Kafka, na medida em que nos leva para o absurdo do homem comum.

O conto principia com o narrador dizendo que um velho jornal ou revista narrou, como verdadeira, a história de um homem, Wakefield, que, durante um bom tempo, abandonou a esposa sem dizer nada como forma de assustá-la e foi morar numa rua próxima à antiga residência para poder ficar contemplando a esposa.

A ideia era voltar uma semana depois para ver como a mulher reagiria à sua volta. Fica por perto de casa sempre à espreita. Uma vez tenta voltar, mas retorna e vai ficando fora do antigo lar. Todos passam a dá-lo como já morto.

Passados vinte anos desde que saiu, numa determinada noite, resolve voltar e entra pela porta adentro como não tivesse se ausentado por um único dia. 

No conto interessa, sobretudo, um questionamento proposto pelo narrador sobre o comportamento de Wakefield: “Que espécie de homem é esse?”, afirmando que “…os indivíduos estão tão bem ajustadosarre a um sistema, e os sistemas entre si a um todo, que, ao colocar-se à margem por um instante, o sujeito expõe-se ao temerário risco de perder para sempre seu lugar”.

Um conto fantástico.

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