Substantivo próprio derivado

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Um assinante do blogue me mandou uma mensagem em que perguntava se os nomes próprios podem ser classificados em primitivos ou derivados. A pergunta, como se vê, envolve classificação dos substantivos.

 A classificação dos substantivos leva em conta oposições, e é feita a partir dos seguintes pares opositivos: /comum vs. próprio/; /concreto vs. abstrato/; /simples vs. composto/; /primitivo vs. derivado/.

As oposições /comum vs. próprio/ e /concreto vs. abstrato/ levam em conta o critério semântico, isto é, a significado que o substantivo veicula. As oposições /simples vs. composto/ e /primitivo vs. derivado/ se baseiam na formação da palavra.

Os substantivos comuns podem se referir a um conjunto de seres ou coisas vistos como uma unidade. Nesse caso, esse substantivo de aspecto plural é chamado de coletivo é o que ocorre em: arquipélago, elenco, biblioteca.

Evidentemente, um mesmo substantivo pode pertencer a mais de uma classe. O substantivo jornaleiro é comum, concreto, simples e derivado. O substantivo cardume é comum, concreto, simples e primitivo. Como designa um conjunto de seres é também coletivo.

Feita essa breve recapitulação sobre a classificação dos substantivos, voltemos à pergunta do assinante: nomes próprios também podem ser classificados em primitivos ou derivados?

Quando o assinante fala em nomes próprios está se referindo evidentemente a substantivos próprios, aqueles que nomeiam de forma específica um determinado elemento de uma espécie ou classe: Inglaterra, Paris, Maria, Pedro, Jorge, Tocantins, etc. Ao contrário dos comuns, os substantivos próprios não apresentam extensão, pois se aplicam a um determinado ser ou coisa, conferindo-lhe identidade.

Quando ele fala em primitivos e derivados está se referindo à formação do substantivo. São primitivos aqueles que dão origem a outros: pedra, ferro, aluno, jornal. São derivados aqueles que provém de outros por acréscimo de afixos: pedreira, pedrinha, ferreiro, ferragem, ex-aluno, alunado, jornaleiro, jornalista.

Lembremos ainda que, quanto à formação, o substantivo ainda pode ser simples e composto. São simples aqueles que apresentam um só radical: água, pé, colônia, couve, chuva. São compostos aqueles que apresentam mais de um radical: aguardente, água-de-colônia, pé-de-moleque, couve-flor, guarda-chuva.

Respondendo objetivamente à pergunta do assinante. Substantivos próprios, dada a sua natureza, normalmente são primitivos. Nada impede, porém, que se derive de um substantivo próprio outro substantivo próprio. Os nomes próprios Inesita e Aureliano são derivados, respectivamente, de Inês e Aurélio por acréscimo de sufixo.

Na formação de nomes próprios de pessoas é mais comum que a formação se dê por junção de dois outros substantivos próprios, como em Maria José e Mariângela. Nesse caso, temos substantivos próprios compostos (e não derivados). O primeiro formado por justaposição; o segundo, por aglutinação.

Por último, mas não menos importante, é frequente, sobretudo na linguagem informal,  a ocorrência de substantivos próprios derivados por acréscimo de sufixo: Jorjão, Pedrinho, Mariazinha, Antonico… Há ainda casos de substantivos comuns derivados de substantivos próprios: estrogonofe, carrasco, gandula, mecenas… mas esse é assunto para outro post.


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2 Comentários


  1. Professor, boa tarde!Eu também sou assinante do seu blogue e senhor tinha me falado a três meses atrás que não responderia mais perguntas a respeito da norma-padrão da língua portuguesa.Agora me deparo com essa resposta a outro consulente.

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  2. Professor, eu expressei uma resposta faz pouco tempo atrás, todavia vejo e concordo que o senhor tem o direito de responder quem o senhor quiser.

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