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Adaptações de obras literárias para o cinema são frequentes. Quando isso ocorre, é inevitável a comparação entre livro e filme. Minha tendência é achar que o livro é sempre melhor que o filme. Uma das razões é que, quando alguém resolve levar um livro à tela, já parte de uma grande obra. Dificilmente toma como ponto de partida uma obra literária ruim.um livro ruim. Levar às telas o Mackbeth requer coragem, pois o referencial para comparação é nada menos que um dos mais geniais textos de Shakespeare. Isso não quer dizer que não se possam fazer excelentes filmes a partir do texto de shakespeareano. O Mackbeth de Polanski é prova disso. Esse longo preâmbulo é para falar de uma adaptação para a tela do livro Senilità [Senilidade] (1898), de Italo Svevo (1861 – 1928), um dos primeiros romances modernos da literatura italiana.
Italo Svevo, cujo nome verdadeiro é Aron Hector Schmitz, nasceu em Trieste, quando essa cidade pertencia ao Império austro-húngaro. Sua obra mais conhecida é A consciência de Zeno, de 1923, com tradução de Ivo Barroso, que também traduziu Senilidade, ambos publicados no Brasil pela Nova Fronteira.
Senilità, o filme, foi dirigido por Mauro Bolognini. Trata-se de uma produção de 1962, com 111 min de duração. Nos papéis principais estão Claudia Cardinale, lindíssima como Angiolina, e e Anthony Franciosa, em ótima atuação, como Emilio. A fotografia em branco e preto é excelente, com locações em Trieste, cidade natal de Svevo.
O filme, no Brasil, recebeu o péssimo título de Desejo que atormenta. Deveriam ter optado pela tradução literal do italiano, já que o filme mostra que a paixão desencadeia o comportamento senil de Emílio. A senilidade, evidentemente, não é física, mas metáfora da inépcia, da abulia, do homem sem qualidades que Musil retrataria tão bem.
Emilio, burguês com aspirações a intelectual, se apaixona perdidamente pela ambígua e pobre Angiolina. Por causa dessa louca paixão, Emilio vai conhecer o inferno e entra num processo de senilidade, embora seja ainda jovem. Mas o que o livro de Svevo e a adaptação de Bolognini nos mostram é que Emilio, como outros personagens de Svevo, é um sujeito egoísta. O que ele sente por Angiolina é uma mistura de paixões: desejo, forte atração sexual e ciúme doentio, mas o que o move é o puro egoísmo, e onde há egoísmo não há amor. Sob o pretexto de “educar” Angiolina, Emílio quer possuí-la só pra si e sem ter com ela compromisso. Obcecado, é incapaz de compreendê-la como pessoa. Quanto a Angiolina? Ora! ela é mulher, o mistério que move o homem.
Vale a pena ler o livro de Svevo e depois ver o filme de Bolognini. Fica a dica!
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Giovani o senili? Coraggiosi o codardi? Un romanzo tra opposte tendenze, tutte da scoprire! Leggi la recensione!
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https://libriescuola.net/2018/08/08/senilita-di-italo-svevo/
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