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Sarrasine é uma novela de Balzac, publicada no Brasil numa edição bem cuidada de 80 páginas pela Iluminuras, com tradução de Luís de Lima e posfácio de Leda Tenório da Motta. Sarrasine é uma novela incluída nas Cenas da Vida Pariense, de “A comédia humana”.
A narrativa apresenta duas partes. Na primeira, Os dois retratos, numa festa de luxo na casa dos Lanty, uma família riquíssima e estranha, a presença de uma pessoa estrangeira bastante velha causa horror pelo seu aspecto. Pessoas presentes na festa referem-se a ela por expressões como “um cadáver ambulante” que “cheirava a cemitério” e, por isso, a repelem. Uma das convidadas, a Sra. De Rochefide, fica curiosa em saber quem é essa pessoa que tanta repulsa causa e pede ao narrador que lhe conte sua história. Isso será narrado na segunda parte da novela, Uma paixão de artista, no dia seguinte à festa.
Os fatos narrados na segunda parte são, no nível da história, bastante anteriores aos da festa. O narrador relata à Sra. Rochefide a história de Sarrasine, um escultor francês, que nutre uma paixão avassaladora por Zambinella, uma belíssima cantora italiana de ópera. Mas trata-se de um amor que não consegue ser concretizado porque há um segredo que o leitor e Sarrasine só descobrirão no fim da novela.
Essa novela de Balzac antecipa temas atualíssimos, como heteronormatividade e identidade de gênero. Diversos críticos, escritores e psicanalistas já se ocuparam dela, entre eles Georges Bataille, Michel Serres e Roland Barthes, no livro S/Z, publicado em português pela Editora 70, em que disseca o texto de Balzac. O título do livro de Barthes faz referência às letras iniciais do nome das personagens da novela, Sarrasine e Zambinella.