Tempo de espalhar pedras, romance de Estevão Azevedo

1 minuto Li, por indicação do amigo e estudioso de Clarice Lispector, Thiago Cavalcante Jeronimo, Tempo de espalhar pedras, de Estevão Azevedo (CosacNaify, 2014, 288p.), vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2015. O título dialoga com Eclesiastes. Sim, há um tempo para tudo e o tempo nos dá existência. O romance de Azevedo, narrado em terceira pessoa, situa a ação num tempo passado e num espaço não definido, uma vila de garimpeiros no interior do Brasil. Na contramão das tendências do moderno romance Leia mais

Um conto antológico: Plebiscito, de Artur de Azevedo.

6 minutos Quando estava no que seria hoje o Ensino Fundamental II, li pela primeira vez o conto Plebiscito, de Artur de Azevedo (1855-1908). Perdi a conta de quantas vezes na vida reli esse conto, porque, como constava nos livros escolares, podia lê-lo todas as vezes que quisesse. Acho muito improvável encontrar uma pessoa da minha geração que não tenha lido essa pequena obra-prima. Plebiscito tem características de um conto dramático, na medida em que o narrador dá voz a personagens que, por meio Leia mais

Cândido, o candidato cândido.

3 minutos Aproximam-se as eleições, a temperatura sobe mais ainda e um antigo colega de escola me manda uma mensagem dizendo que o ex-ministro do STF, Ayres Britto, teria declarado que o candidato tem de ser uma pessoa cândida e me pede a opinião sobre isso. Pressuponho que meu colega não queira ouvir minha opinião política, se eu prefiro o candidato A ou B. Creio que ele se sentiu curioso em saber o que é um candidato cândido, ou se as palavras têm a Leia mais

Gato na chuva, um conto de Ernest Hemingway

2 minutos Lendo um conto de Maupassant em que tudo gira na perspectiva olhar feminino de uma mulher casada, fiquei com o tema da monotonia do casamento sob a perspectiva da mulher na cabeça e me veio à cabeça outro conto (aliás, ele não me sai da cabeça desde que o li pela primeira vez há anos). Trata-se Gato na chuva, de Ernest Hemingway. Já estou esperando pedradas, acusações de que eu sou fixado nesse conto. Confesso que me foi doloroso não incluí-lo no  Leia mais

Reflexões sobre a paciência

4 minutos “A gente espera do mundo, e o mundo espera de nós /Um pouco mais de paciência” (Lenine) Li há algum tempo os 4 volumes do Livro das mil e uma noites, traduzido diretamente do árabe por Mamede Mustafa Jarouche, publicados pela Editora Globo (Houve um relançamento recente pelo selo Biblioteca Azul, clique aqui). Sherazade conta suas histórias todas as noites para quê? Simplesmente para afastar a morte, que é sempre adiada porque a aurora chega e o fio da história é suspenso Leia mais