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Em julho de 2018, publiquei no blogue artigo em que saudava o lançamento do livro O velocista, de Walter Cavalcanti Costa, pela Companhia Editora Pernambuco (Cepe). Por motivos que apenas os deuses da informática podem explicar, o artigo simplesmente desapareceu do blogue. Na verdade, não se trata de nenhuma conspiração de deuses ou demônios; mas, como pude averiguar, foi uma falha imperdoável da empresa que hospeda o blogue. Felizmente, o querido Walter tinha os prints de tela com o texto publicado no blogue e me fez a gentileza de enviá-los para que o artigo pudesse ser recuperado. Isso posto, republico o artigo e convido a todos que ainda não leram que o façam. Mais do que ler o post, recomendo a leitura de O velocista.
A Companhia Editora Pernambuco (Cepe) me enviou, por solicitação do autor, o romance O velocista, de Walter Cavalcanti Costa. Agradeço a ambos.
Em tempos em que chegam às prateleiras das poucas livrarias físicas que insistem em não morrer, livros descartáveis, que são publicados para serem vendidos como sabonetes, é com entusiasmo que recebo o lançamento de O velocista, do jovem escritor pernambucano Walter Cavalcanti Costa.
O velocista já chega com o aval de ter sido uma das cinco obras contempladas no 5º Prêmio Pernambuco de Literatura. O prêmio chancela uma obra que, dialogando com o que o romance brasileiro tem de mais inovador, veio para dar uma boa chacoalhada no mainstream literário.
Obra desafiadora, mas não hermética, de leitura envolvente, com raízes fincadas nas vanguardas modernistas, especialmente no romance experimental de Oswald de Andrade e no futurismo, passando pela linguagem da poesia concreta.
As epígrafes inserem o leitor num mundo em que o tempo e o espaço morreram ontem; num tempo de eterna velocidade onipresente (Marinetti). Uma epígrafe é o poema concreto Velocidade, de Ronaldo Azeredo. Mas o moderno de O velocista não é o das locomotivas, mas o das naves espaciais.
O protagonista é um astronauta, que se apresenta ao leitor da seguinte forma: “Eu sou Jô Tadeu Tábua, sou astronauta. Sou filho da estilista Carolina Vásquez e do Professor de Ciências Contábeis João Tábua. Sou casado com Bevita Santana, a governadora do Estado de Pernambuco, no Nordeste da República Federativa do Brasil e sou irmão do artista plástico Von O’Val, que é casado com a bibliotecária Valbuena Sales, que fala sete línguas ocidentais. Sales trabalhou com meu pai, João Tábua, no local onde é hoje a biblioteca que recebe o nome dele. Tenho um filho chamado João Tadeu. Uma filha que está para nascer. Nasceu. Estou há 35 dias, seis horas e 27 minutos terrestres no espaço.”
O velocista é um livro de memórias. As memórias se alimentam do tempo, mas o tempo de Tábua é o tempo desconstruído da velocidade.