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O jornalista Joseph Mitchell (1908 – 1966) é o mestre dos mestres de um gênero que se convencionou chamar de jornalismo literário ou romance não ficcional, em que histórias reais são contadas com técnicas da narrativa ficcional. Mitchell escreveu durante muitos anos para a The New Yorker artigos que servem de modelo de texto muito bem escrito.
Mitchell não trata de celebridades, mas de pessoas anônimas, que, em sua pena, transformam-se em grandes personagens.
Seu livro mais festejado é O segredo de Joe Gould, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, com tradução de Hildegard Feist, e com um ótimo posfácio de João Moreira Salles. Contém dois textos: o artigo “O professor Gaivota”(esse era um dos apelidos de Joe Gould) publicado em 1942 na The New Yorker, em que faz o perfil do personagem. O outro texto é o “O segredo de Joe Gould”, seu último trabalho publicado em vida.
Gould era um graduado em Harvard que se muda para Nova York e passa a viver como mendigo frequentando botecos no Greenwich Village, um bairro boêmio. Logo se torna uma pessoa folclórica pelo que fala e, principalmente, por um livro que diz que está escrevendo, “Uma história oral de nosso tempo”.
A ideia para esse livro lhe veio de uma frase de Yeats, “A história de uma nação não está nos parlamentares e nos campos de batalha, mas no que as pessoas dizem umas às outras em dias de feira e em dia de festas, e na maneira como trabalham a terra, como discutem, como fazem romaria”, por isso, nos botecos, Gould ouve pessoas para colher material para seu livro. Conversa com elas a troco de alguma bebida e, rapidamente, começa a despertar a atenção de muita gente, inclusive de Mitchell, que contará a história do mendigo em texto memorável.