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Uma das características do conto é seu final surpreendente. Julio Cortázar, comparando o romance ao conto, diz que o primeiro vence por pontos e o segundo por nocaute. O conto O moço do saxofone, de Lygia Fagundes Telles, que faz parte do livro Antes do baile verde, publicado pela Companhia das Letras, é um exemplo de conto cujo final derruba o leitor com um direto no fígado.
O espaço é uma pensão frege-moscas administrada por uma prostituta polaca de 44 anos que abandonara a profissão e abrira um estabelecimento em que caminhoneiros se hospedam e fazem refeições.
O conto é narrado por um caminhoneiro hospedado no hotel. Outro hóspede é uma prostituta casada com um rapaz que quase não sai do quarto e toca maravilhosamente músicas tristes em seu saxofone.
Apesar de casados, a meretriz e o moço do saxofone ocupavam quartos diferentes na pensão para que a quenga pudesse atender seus clientes sem maiores constrangimentos.
Toda vez que a messalina recebe um cliente em seu quarto, o marido toca seu saxofone no quarto ao lado. Assim que o cliente sai do quarto, o moço para de tocar.
O caminhoneiro, ao ver a prostituta, fica interessado em se valer dos serviços da marafona. Pergunta a ela sobre o quarto que ocupa e combinam um horário para o encontro.
Ao subir uma escada para encontrar a puta no quarto, se engana e entra no quarto em que vive o moço do saxofone está quieto e triste. O caminhoneiro, indignado com a posição passiva do marido da mulher, lhe passa uma descompostura, dizendo que devia largá-la e ir embora.
O moço do saxofone ouve calado e com uma bruta calma que faz o chofer perder as estribeiras. O caminhoneiro então vai ao quarto da puta e, quando ia começar a transar com ela, a música do saxofone começa a soar triste e melodiosa. O chofer brocha na hora, vai embora e o saxofone silencia.