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Comento o conto O curioso caso de Benjamin Button, do F. Scott Fitzgerald (1896 – 1940). Esse conto, inclusive, me rendeu bons papos na segunda com um dos médicos que cuidam da minha saúde. O papo estava tão bom que se estendeu além da própria consulta. Eu, comentando o conto do ponto de vista literário e discursivo; ele, do ponto de vista da medicina.
Digo de cara que, se você assistiu ao filme e não leu o conto, perdeu seu tempo. Se você ler o conto, vai ficar com raiva do filme, que é infinitamente inferior ao conto. O filme é bobo; o conto é genial. O conto é um primor de crítica social, de profunda ironia, de sarcasmo, de desmascaramento dos valores sociais e da intolerância. E o conto atira para todos os lados: não há heróis. O próprio Benjamin, quando olha para a mulher com quem se casou e tanto amava, e a vê com 50 anos nem quer mais saber dela: afinal ela tem 50 anos, engordou, os cabelos perderam a cor, a pele não está mais lisa… E o filho de Benjamin, que aparenta ser mais velho que o pai, não quer ser chamado por ele de filho, porque isso lhe envergonha. E os estudantes da Universidade que debocham de Benjamin pela “idade” que ele aparenta. Não há ninguém que se salve nesse mar de hipocrisia: nem pai, nem filho, nem marido…
Quando comecei a ler o conto, na segunda página comecei a rir um riso nervoso, um estranhamento me dizia que aquele meu riso prenunciava o desmascaramento da hipocrisia. Se a comédia é a representação dos costumes dos homens piores, Fitzgerald fez uma ótima comédia. Esqueça o filme e leia o conto. Ria, chore, olhe para si e para os seus amigos e familiares e pense: Ridendo castigat mores.