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Neste final de semana, li Karen, romance de Ana Teresa Pereira, vencedora do Prêmio Oceanos de 2017. No Brasil, o romance foi publicado neste ano pela Editora Todavia que sabiamente respeitou a grafia usada na edição original.
Embora a autora, uma portuguesa da Ilha da Madeira, tenha mais de 20 livros publicados, Karen é sua primeira obra lançada no Brasil.
Uma trama de mistérios que lembra o Rebeca, de Hitchcock, em que a protagonista se desdobra em duas: um eu que narra e uma Karen, uma mulher de 25 anos, que perdeu a memória e está prestes a receber uma herança. Mas o mistério não gira apenas em torno da protagonista. Ela vive numa casa com Allan, o marido, e uma governanta, Emily, sobre os quais se sabe muito pouco, o que contribui para acentuar o clima de mistério.
As influências do cinema no romance de Pereira são explícitas e se mostram já nas primeiras linhas do romance pela menção aos filmes La notte bianche (Um rosto na noite, no Brasil), de Luchino Visconti, e Black Narcissus (no Brasil, Narciso Negro), de Emeric Pressburguer e Michael Powel.
Também é forte a influência da literatura de Henri James, também explicitamente citado no livro. Ainda sobre referências à literatura na obra, são mencionadas as escritoras Dorothy Whipple, Winifred Watson, Richmal Crompton e D.E. Stevenson. A protagonista recorda-se de andar pelas livrarias de Londres em busca de livros dessas autoras.
Uma trama de mistério, num jogo entre o presente vivo e a memória, em que o leitor fica no fio entre o que é real e o que é imaginação da narradora-protagonista. Essa dubiedade se manifesta linguisticamente no texto na medida em que a narradora ora se refere a si pelo pronome “eu”, ora pelo seu próprio nome, Karen.