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Neste post, falo de Contos de Kolimá, de Varlam Chalámov, publicado no Brasil pela Editora 34, com tradução de Denise Sales e Elena Vasilevich. A apresentação é de Boris Schnaiderman e o prefácio é de Irina P. Sirotínskaia.
Neste livro, há 33 contos de Varlam, cujo nome verdadeiro era Varlaam, (ele tirou um a do nome), o equivalente russo a Balaão, personagem bíblico. Varlam era filho de sacerdote. Foi preso no regime stalinista. O número 33 não é por acaso.
São contos em que Chalámov relata histórias que viveu ou presenciou no campo de trabalhos forçados em Kolimá, região desolada no extremo leste da Sibéria. Os contos ligam-se uns aos outros, as mesmas personagens aparecem em contos diferentes, de modo que os 33 contos vão constituir uma unidade temática. Não são contos no sentido tradicional do termo, já que são histórias reais e não ficção. As personagens são pessoas que conviveram com Varlam, algumas conhecidas. As histórias são verdadeiras pequenas obras-primas que relatam o horror stalinista, em que filha denuncia o pai; marido, a mulher. Enfim, uma época de terror absoluto. O que importa para os presos é tentar sobreviver num inverno de 55 graus negativos, em que até o cuspe congela. Roupas de mortos são roubadas ou disputadas em jogos de baralho. Um casaco puído tem muito valor e se mata para consegui-lo. O frio faz os humanos perderem o que têm de humano. Acham que até o cérebro congela. Presos mentem que são carpinteiros apenas para poderem dormir uma noite num lugar mais quente. Quando descobrirem que não entendem nada de carpintaria, serão castigados. O trabalho é de 16 horas por dia e são mal alimentados com uma sopa rala e fria. As histórias são chocantes. O ser humano é reduzido a nada. Parodiando Conrad, O HORROR, O HORROR.
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A História ainda pode revelar muita coisa.