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Sempre gostei da Carmen, de Bizet, embora não conheça o libreto. Achei o filme do Saura ótimo. Depois de muito tempo vim a conhecer o original, a novela Carmen, de Prosper Mérimée.
A novela está no livro Carmen e outras histórias, numa edição comentada muito bem cuidada, encadernada em capa dura, publicada pela Zahar. A tradução é de Mario Quintana. O livro traz contos e novelas.
Todas as histórias são muito boas. Para terem uma ideia, o conto que abre o livro é Mateus Falcone, ambientado na Córsega. A novela Carmen, bastante conhecida em decorrência das adaptações para ópera e cinema, é simplesmente fantástica. Além disso, Mérimée (1803 -1870), terminada a história, nos brinda com uma aula de linguística, ao comentar a língua dos ciganos, origens, variedades, relações entre os usuários dessa língua com línguas nacionais dos países por onde passam etc.
Tudo isso já colocaria a novela entre as melhores que li, mas há nela algo que transcende a tudo: Carmen, a cigana. Linda, sensual, demoníaca. É impossível um homem não se apaixonar por ela. E, se isso acontecer, ferrou-se. Carmen apodera-se da alma, não há como escapar dela. Acho que todo homem procura sua Carmen; muitos, quando a encontram, se borram todo. Os que têm coragem de seguir com ela vão viver o paraíso, mas terão de pagar com a morte. E não é por falta de aviso, pois a cigana adverte: “Se eu te amar, tome cuidado”. Todos sabem o que aconteceu com José: vendeu até sua alma, mas isso ainda foi pouco.
A epígrafe que Mérimée dá à novela é uma frase das Palladas, Antologia grega.
“Toda mulher é como o fel; mas tem duas horas boas: uma no leito, outra por ocasião da sua morte”
Caso queiram ver um trecho da ópera de Bizet, clique aqui. Habanera, com Anna Caterina Antonacci no papel de Carmen.