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A aranha negra, do escritor suíço Jeremias Gotthelf (1797 – 1854), Editora 34, 2017, com tradução e excelente posfácio do professor da USP, Marcus Vinicius Mazzari, é uma leitura de tirar o sono.
Elias Canetti, Thomas Mann e Otto Maria Carpeaux são alguns nomes que fazem ótimas referências ao livro de Gotthelf. Usando a técnica da boneca russa, o autor encaixa, na narrativa em terceira pessoa, duas histórias narradas pelo avô: a primeira, ocorrida no séc. XIII; a segunda, no séc. XV. O tema do batismo é o motivo usado para o encaixe.
Na novela, que se prende a lendas e sagas medievais e a textos bíblicos, vamos encontrar a manifestação do mal, a peste negra e a terrível aparição da aranha negra, metáfora maior do mal, que impõe o castigo dizimando a população.
No centro de tudo, o tema fáustico, mas ao contrário do Dr. Fausto, de Goëthe, e de Riobaldo, de Guimarães Rosa, o pacto é feito por uma mulher, Cristina, e selado por um beijo na face, onde irá surgir a terrível aranha negra. Não a Aracne, a aranha laboriosa cantada por Ovídio nas Metamorfoses, mas a aranha monstruosa, peçonhenta, de sangue frio. Um livro cheio de simbologias. Uma novela de tirar o fôlego.
Vale a pena ler. Fica a sugestão.