Decálogo do conto

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Alguns contistas, além dos contos que nos legaram, deixaram também observações interessantes sobre o gênero conto. É o caso de Edgar Allan Poe, Tchékhov, Julio Cortázar, Horácio Quiroga e o contista peruano Julio Ramón Ribeyro (1929 – 1994), do qual transcrevo seu decálogo do conto que aparece na introdução de sua obra Ausente por tempo indeterminado, publicada pela Editora Carambaia.

1. O conto deve contar uma história. Não há conto sem história. O conto foi feito para que o leitor possa, por sua vez, contá-lo.

2. A história do conto pode ser real ou inventada. Se for real, deve parecer inventada, e se for inventada, real.

3. O conto deve ser, de preferência breve, para que possa ser lido numa sentada.

4. A história contada pelo conte deve entreter, emocionar, intrigar ou surpreender, e se for tudo isso junto, melhor. Se não obtiver nenhum desses efeitos, não existe como conto.

5. O estilo do conto deve ser direto, simples, sem ornamentos nem digressões. Deixemos isso para a poesia ou o romance.

6. O conto só deve mostrar, não ensinar. Do contrário, seria lição de moral.

7. O conto admite todas as técnicas: diálogo, monólogo, narração pura e simples, epístola, informe, colagem de textos alheios etc., desde que a história não se dilua e o leitor possa reduzi-la à sua expressão oral.

8. O conto deve partir de situações em que a personagem ou as personagens vivam um conflito que as obriga a tomar uma decisão que põe seu destino em jogo.

9. No conto não deve haver tempos mortos nem sobrar coisa nenhuma. Cada palavra é absolutamente imprescindível.

10. O conto deve levar, de modo necessário e inexorável, a um único desenlace, por mais surpreendente que seja. Se o leitor não aceitar esse desenlace, então o conto falhou.

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