Tempo de leitura: 1 minuto
Em 1981, a professora da Faculdade de Educação da USP, Maria Thereza Fraga Rocco, publicou pela Editora Mestre Jou, o livro Crise na linguagem: a redação no vestibular, resultado de sua tese de doutoramento naquela instituição.
Na obra, Rocco analisava problemas nas redações de vestibulandos da Fuvest. A preocupação da autora não foi apontar desvios ortográficos, “erros” de concordância, regência etc., mas chamar a atenção para problemas de estruturação dos textos, como falta coerência e de nexo lógico entre segmentos do texto (coesão), entre outros. Vale a pena ler o livro.
Minha sugestão aos meus colegas professores de Língua Portuguesa que acompanham pelas redes sociais as discussões, cada vez mais acaloradas, sobre alguns temas é que comecem a levantar, aos moldes do que fez Fraga Rocco, um corpus para discutir com seus alunos problemas de redação. Encontrarão material abundante.
Não se trata de colher exemplos de textos que apresentem desvios daquilo que as gramáticas normativas mais tradicionais apontam, mas levantar textos com problemas de argumentação.
Me chama (sic) a atenção a quantidade de textos cheios de generalizações apressadas, argumentação circular, falsa causa, entre outros. Um exemplo: num post o sujeito dizia que a educação no país está péssima porque os professores apoiam o candidato X; em outro, se argumentava que o candidato X é melhor que o candidato Y, porque tem o título de doutor e publicou diversas obras. Se usarmos esse critério para dizer que X é melhor candidato que Y, não precisaríamos fazer eleição, seria mais fácil os candidatos serem escolhidos por prova de títulos: graduação 1 ponto; mestrado 2 pontos; doutorado 3 pontos; livre-docência 5 pontos; livros e artigos publicados 1 ponto etc. Quem tivesse mais pontos, venceria a eleição.